Não há como fugir, 2018 é ano de eleição. E cá estamos a questionar se vamos praticar um direito ou cumprir um dever.
Confesso que a resposta não é das mais fáceis. Da conjuntura atual, é certo que podemos entender como direito a manifestação livre, a igualdade, a possibilidade de escolha de representantes. Democracia! Certo? Certeza não se tem, até porque deixar de votar implica no dever de justificar – do descumprimento de um direito, atribui-se um dever.
Creio que estejamos frente a um direito, que repassa por uma obrigação.
O parágrafo 1º, inciso I e II, do art. 14, da Constituição Federal, determina o mando – obrigação – do voto para pessoas com idade entre 18 e 70 anos; restando a faculdade de exercer tal direito aos analfabetos, aos maiores de 16 e menores de 18 e aos eleitores com mais de 70 anos.
Ora, ainda que em linhas iniciais, concluímos que estamos frente a um direito. Mas que direito é esse que não posso sub-rogar? Se há voto obrigatório e se há voto facultativo, por que não me facultar em não votar? Eis que assim teríamos um direito: eu voto se eu quero.
Talvez o estado vexatório da política, patrocinado, em boa parte, pelos que a representam – dignos da politicagem – tenha despertado a vontade de executarmos o "direito do não voto". Um voto de protesto, seja branco ou nulo e, se possível, inexistente, talvez fosse mais coerente, mas, aqui, temos o dever – votar é obrigação.
Por outro lado, ninguém nos obriga a votar neste ou naquele, até por que o nosso candidato pode ser o deputado "branco" ou mesmo o vereador "nulo", e, sendo assim, voto se eu quiser e deixamos de lado a obrigação.
Ainda me pergunto: direito ou dever?
Direito quando se vota em quem nos representa, que seja no mínimo uma causa. Direito quando deixamos de presenciar a política da malandragem.
Direito à boa política, virtuosa em feitos e conquistas à sociedade.
Do discurso que se perde na prática, talvez nosso desejo (utópico) de direito ao voto encontre proteção em sua contramão. Então, o dever prevalece ao direito.
Por sorte, quem sabe, Nelson Rodrigues tenha errado nas palavras quando afirmou que, muitas vezes, é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos.
Aqui discordo do autor, ainda que paire a dúvida entre o direito e o dever. Faço a minha escolha e compartilho que o voto é o dever associado ao direito em se comprometer, e este não pode estar distante dos bons, dos melhores sentimentos.
Afinal, o que um texto sobre política faz em uma coluna com a temática Finanças Pessoais? Fácil, as notícias estão aí, cada vez mais os políticos protagonizam, diante das finanças públicas, um festival de aprimoramento das (suas) finanças pessoais.